NA HORA DE PÔR EU PONHO (II)

Toda vez me perguntam, e eu mesma me pergunto tb, pq não simplesmente me desvencilhei das mãos dele e corri de lá, atrás de outro programa, um lixo q me tratasse melhor? Eu já vinha superando a crise que tive cuzomicis, em especial clientes, mas foi pisar na rua e td aquilo voltou com força — falta que senti dum objeto cortante, a todo momento pensando na frase que ouvi duma radfem “homens mortos não estupram”, cismisandria gritando. Pq não foi só tentar me forçar no muque a chopá-lo sem guanto (oq ele conseguiu em parte, sempre reafirmando que não tinha doença alguma [eu era a primeira travesti com quem ele saía, como é que ele teria doença!?], querendo me obrigar à força a acreditar nisso, e além disso foda-se em que condições se encontraria sua neca [eu teria tb que acreditar que estava limpa, não importa se de fato olfato, tato, visão e paladar não concordassem nadinha]), oq já era um absurdo, foi tb em seguida, qdo saímos do carro pra ele vir me comer, ver ele imobilizar meus braços com um abraço por trás e, já sem guanto (a neca era grossa demais qdo dura, não dava pra pôr direito), tentar me convencer a dar pra ele no pêlo, novamente no muque! A frase aqui mudou, inclusive, e tive que ouvir coisas que jamais julguei que ouviria: se antes era “faz o oral sem, na hora de pôr eu ponho”, agora ele começava a repetir incansável “deixa eu pôr um pouco, a cabecinha só, na hora de gozar eu tiro”. Por trinta reais, mas ainda que fosse trezentos. Eu tendo que me virar pra escapulir dos braços dele, pra não deixar ele me penetrar (pressionei o ânus o mais que deu, não passava uma agulha), medo de gritar por ajuda e cair no conceito das minhas colegas, certeza dq dps daquilo eu não teria condições de continuar trabalhando e então seria importante, necessário até, fazer aquele dinheiro pra não voltar negativa pra casa… e eu jurei pra mim mesma que jamais tiraria do bolso pra trabalhar.

Sabem oq foi que me salvou enfim? O piroco broxou no meio das tantas resistências que eu lhe impunha. Ele broxando toda vez que eu trazia a camisinha pro oral (gastei três nessa brincadeira), dessa vez broxou foi pela demora e dificuldade de obter oq desejava. Foi isso oq impediu que eu tivesse que me atracar com ele, medir forças (ele uma montanha!), gritar por ajuda, correr. Broxou e aí, pra não voltar desgostoso pra casa, pra esposa talvez (aliás, como não me sentir um lixo imaginando-me cúmplice doq ele faz com a mulher?), pediu que eu pelo menos batesse uma até ele gozar. E eu o fiz, cheia de nojo mas fiz, só querendo que acabasse logo, o lixo ainda fazendo com que eu me contorcesse toda pra conseguir ao mesmo tempo bater uma pra ele e ficar massageando seu edi e próstata, eu torcendo que estivessem limpos. Me deu cinquenta reais em compensação, como se vinte ou qqr valor a mais compensasse, pediu meu telefone (e eu, ainda em choque, dei meio sem saber pq) e veio se despedir com um selinho e “gostei de vc, vc é mto bonita”. E eu achando no começo que ele por me beijar, por me tratar com carinho, por não barganhar valores, seria uma boa experiência pra me ajudar com essa crise… Saí de lá arrasada, vontade de sumir, e ainda tive que passar no meio dessa festa pirôca misógina de mrrrrda (pleno sábado de Carnaval) no caminho pra casa.

A campanha feminista do “NÃO É NÃO” precisa urgente ganhar meretrícios, empoderar prostitutas.

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