HJ EU NÃO PASSEI XEQUE

Cefaléia, coriza, externutação, friiiio, saco nenhum pra aguentar os lixos… o dia era pra não sair de casa, oq foi q eu fiz? Xuca, e dessas dolorosonas pra valer, quarenta minutos de dores abdominais tanta foi a água que enfiei no edi… mas nunca me senti tão intestinamente limpa! E daí fui até mais feliz pra rua, leve, hoje não teria xeque certeza, imaginando a riqueza a caminho, e lá a esperei, mudei de lugar ainda à espera, troquei de lado, passei mais batom, arrumei a roupa, não vinha um único maldito cliente. Unzinho enfim chegou querendo completo no estacionamento por vinte, coisa que semana passada eu até fiz, mas que dessa vez eu não tava assim tão disposta depois dessa xuca trabalhada (dar pra mim é questão espinhuda: se a neca é odara, o estrago é também… e aí posso encerrar as atividades noturnas por vinte reais, entende?). Ele prometeu a história de sempre ir buscar cincão cos amigos vcs sabem oq deu. Devia ter aceitado esses vinte, porque em seguida me surge o infeliz que na semana passada tinha me pagado os mesmos vinte pelo completo no estacionamento: ele me ligou a semana inteira, marcou comigo, disse que viria, e oq foi que ele fez? Foi, mas com nove reais no bolso… miguelou até as moedas que tavam perdidas no carro. Chegou lá na caruda, dá cá um beijinho, saudades, vamos se curtir, tem só um problema. O papo piroco de sempre, eu fula da vida, ah não pô. “Mas não dá nem uma punhetinha com esses nove?” Vá lá, acabar logo e partir pra outra, chegar o quanto antes aos trinta da rua sem subutilizar o meu edi recém-bem-xucado.

Estacionamento lá vamos nós, eu amaciando ele a caminho, chegamos, ele começa a pedir coisa que não tem cabimento, beijinho aqui, aí ‘fica pelada?’, ‘deixa eu segurar?’, ‘molha a cabecinha com a língua?’, ‘só uma chupadinha, vai?, tou quase’… eu me irritando, ele dizendo não fica assim, o lixo ainda quis sair do carro pra gente acabar lá fora o pegê. Sério, era pra ter durado dez minutos pelo que ele me pagou, dez sendo generosa, mas foi pelo menos trinta de enrolação. Tentei apressar, cada vez mais com nojo desses idiotas que me aparecem, até que senti o jorro quente escorrer pelos meus dedos no meio da escuridão do estacionamento (nós dois quase encostados no capô, o carro andando se a gente fazia pressão porque o freio de mão meio que “não tava firmeza”). Jurei que jamais atenderia de novo esse imbecil por menos de 30 reais… e não é pelo valor, é pelo desgaste de ter que aguentar ele abusando de mim, me chamando de vagabunda, perguntando pra quantos eu dei aquele dia, ele me tratando mal pra burro, me dando tapas e aí querendo chupar meu bilau, meu ce-u, tentando me beijar em seguida, eu fugindo da boca dele igual diabo da cruz… qq ele acha q eu sou? Mas acabou, faturei os nove e dali em diante enfrentei foi é horas de desolamento — azamiga toda fazendo horrores de cliente e vc se sentindo um lixo pq os únicos que paravam pediam de graça ou, como fez um engraçadinho, perguntavam se vc pagava pra ele sair com vc. Pq não cuspi, me pergunto até agora.

Eu só queria voltar não devendo, entendem?, e o qto antes. Então insisti… faltava só vinte e um, e com mais vinte eu já me dava por satisfeita. Esperei, esperei, esperei, até que veio o salvador, aquele que me permitiu ir dormir sossegada (eles sempre aparecem, só ter fé). Veio perguntando oqq eu era, eu disse “travesti”, ele então perguntou “mas bem feminina?” e eu “super”, assim mesmo, o diálogo foi bem esse. Combinamos valores de forma meio caótica, nos pusemos então a caminho sem eu nem saber ao certo se seria vinte ou trinte — não tava claro oq ele esperava de mim até que me deu os trinta assim que chegamos, “o completo”. Necona dele já dura assim que parou o carro, ele tirando a roupa pra não se sujar, eu levando a boca até onde ela trabalharia e ele então, coisa inédita, me impedindo com os braços de alcançá-la e “opa lá calminha e a camisinha?” Foi uma experiência que me fez repensar oq venho fazendo ali, toda a educação transfeminista que eu poderia estar impondo a esses lixos, os riscos que venho correndo às vezes… eu achava que não sairiam comigo se eu pusesse camisinha já no oral, oral justo a coisa que mais gosto então tava tudo bem, aí descubro esse aí que exige a bendita pra começar o brinquedo (e isso tudo uns dias depois deu levar pito da vó, a sabedoria em pessoa ali daquelas bandas, por estar me arriscando dessa forma — “hiv é mais difícil no oral, mas sífilis é batata, viu?” ela me puxando as orelhas). Pusemos o guanto, lá vou eu então começar do começo, ele massageando toscamento a minha pirulita, achando que aquilo me daria tesão, perguntando se não ficava dura… “olha, meu bem, não é assim, às vezes fica, mas pra ficar tenho que eu ficar com tesão, entende?, oq não tá tendo”. Usei palavras mais amenas que essas, óbvio que ele não catou. Aí começou a reclamar que eu não teria como comer ele daquele jeito (ainda bem!), eu estranhando aquela neca gigante e ele não querendo minha boca nem mão nem nada, querendo só é que a minha ficasse dura pra ele cair de quatro pra ela! Não dava oq ele queria, me pede então pra eu dedilhar o edi dele…eu, com nojinho pego outro guanto, o segundo da noite, ponho, começo a brincar lá, ele pede pra eu enfiar, entra até sem gel, facinho dois dedos duma só vez, ele se masturbando enquanto isso, até que dois palito goza. Dps disso o de sempre: mal olha na minha cara, não me dirige mais palavra alguma, eu saio meio correndo do carro pra não ter que lidar com o embaraço dele, feliz da vida que pelo menos com dois reais, na somatória total (os trinta da rua, os sete do ônibus ida e volta), eu voltaria pra casa.

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