FEMINISMO NESCAU RADICAL SETE VITAMINAS

O cisativismo chôco-triangular, vulgo feminismo nescau radical sete vitaminas, por meio da representante número um Lucia Toblerone, deu as caras cedo na minha página e ficou chocado com oq viu. Magoou-as um dia eu ter me sentido mulher fazendo oral em anônimos xis, todos cis, num banheiro público: lugar de mulher não é ajoelhada servindo de objeto sexual pra macho quem quer q seja (ainda q essa mulher xis, no caso trans, sinta enorme prazer em se ver nessa situação). A coisa é toda muito complexa. Pintam o ser mulher como a coisa mais escrota do mundo [objetificada desde o nascimento, sempre oprimida, precisando dum macho-alfa pra proteção, um macho-alfa q igualmente vai só oprimir, abusos-assédios diários na rua, em casa, no trabalho, na escola, medo do estupro, menstruação, gravidez, TPM, proibição do aborto, etc], mas ao mesmo tempo querem essa horrendidade toda só pra elas, cisativistas: não podemos ser mulheres jamais, isso é privilégio de quem traz vagina original de fábrica, ainda que não haja privilégio algum nisso segundo elas dizem. Ao nascer nos taxaram “homens” por conta do pênis que viam (o eterno determinismo gênero=genital), mas não queremos ser homens por não sermos homens — proibidas de viver a feminilidade, víamos na feminilidade o nosso espaço de libertação. A liberdade das cisativistas feminísticas chôco-triangular está justamente em se livrar dessa feminilidade, por lhes ter sido imposta desde o começo: de um lado não querem pq obrigadas, do outro desejamos pq proibidas — segundo elas não há espaço pras duas. E eu me deixei ofender e doer pelos cinco minutos delas, fiz posts mimimizentos aqui chorando as pitangas, enumerando as tristezas do ser mulher específico que sou. Por um segundo, um dia pra ser mais precisa, esqueci dos deleites todos que venho vivendo desde que comecei minha transição mas agora liguei o foda-se: a descoberta dos seios crescendo, bumbum se pronunciando, fazer as unhas, batom, roupas de cortes e formatos mais variados, impensados pra um homem com H, ser tratada no feminino no dia-a-dia pelas pessoas que importam e mesmo por aquelas que desconheço mas q cada vez mais vão se dando conta da minha feminilidade (a ‘passabilidade trans’ chegando!). Oq eu posso dizer é q a página continua. Não vou recuar ou medir termos ao apresentar um relato doq foi a minha descoberta (minha, não de todas as pessoas na minha condição, muito menos de todas as mulheres): propus-me aqui a fazer uma rememoração, via escrita, da minha história como forma de me apaziguar com ela, como forma de me conhecer e aceitar melhor; e ainda que isso possa gerar desconforto em outras pessoas eu continuarei a fazer meu trabalho: o compromisso é comigo, não com vcs. O desconforto q gero deve-se à honestidade do registro, à transparência q tento impor à coisa. Não me peçam para falseá-la, a resposta será não. Esse espaço é meu, e de quem se identifica com o que digo. Passar bem.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Previous post FEMINISMO RADICAL E BANHEIRO PARA PESSOAS TRANS
Next post E SE EU FOSSE PUTA: CARNAVAL: FANTASIA OU PRA VALER