E SE EU FOSSE PUTA: IRRECUPERÁVEL

Amara Amarga Moira Sina, tanto ela teimou que conseguiu: sobreviveu à violação do hímen, e ganhou por isso, não tão pouco assim, nem só dindim. Prazer tb, pois se esbaldou nos três que “lhe conheceram como só homem conhece mulher” (Eva e Adão, Livro de Guínnesses). A outra noite foi só depressão e nenhum mísero puto; dessa vez, puta, a calcinha melada, o bolso cheio! Três clientes, um por hora, mal dava tempo de voltar pra rua e lá eu ia outra vez pro matel (motel no mato, o estacionamento) ou quarto. A política do melhor vinte meu, que teu. Experiência. E vontade de transar, como não? Era virgem, era uma vez.

Beija na boca? Pode apostar. Carinhosa você, e rosto lindo, bem feminino. É que gostei de você, esse pauzão: será que cabe em mim? Quanto você faz? Depende doq quer… Gozar gostoso. Então 30 no estacionamento. Faz por 20? Só dessa vez, só pra você (mentira, o segundo foi 15! hihi). E lá fui eu abrindo o zíper com a habilidade que eu esqueci de esquecer, a boca buscando o fundo através do falo, sem tocar nos dentes, sem cessar o entra-e-sai. Uou, calma que eu gozo assim, que boca é essa!? Boca de quem faz com gosto, boca de quem faz não por fazer mas por gostar — qual o espanto quando me vi excitada, qual o espanto quando descobri uma ereção num membro que nem parecia mais funcionar? Beijei então aquela boca, aquele cara que nem de longe corresponderia aos padrões de beleza (esse sempre foi o meu padrão, padrão algum, quem quiser desde que homem [com mulher é que era diferente]), aquele e o próximo e o depois dele, todos. E dessa vez não tive nojo ou mal estar depois do beijo, não me incomodou a boca masculina, a barba me arranhando, roçando, machucando: como mulher, não mais me afetava a homofobia internalizada que vivi a vida inteira! Talvez por isso esteja difícil eu me interessar por mulheres hoje em dia, e assim persisto em essência heterossexual. A averiguar.

O segundo quis me comer, mas na pressa, um falo gigante como há muito eu não via, como há tempos não me comia, não deu, não dei. Ficou na mão, não qualquer uma e sim a minha, ora pois! Gozou no meu rosto, ele e os outros dois (“na boca não”, todos respeitaram), e se foi feliz, prometeu voltar. O terceiro conseguiu o feito, nem sei bem como: já laceada talvez, das investidas do primeiro, a coisa doeu (ai, como doeu!) e só ali perdi o tesão, digo, a ereção. O tesão, a euforia, seguia viva, o desejo, desafio de me superar e engolir aquele falo, como o engolia em priscas eras. Engoliu-se-me e então a dor refreou; não veio prazer no entanto, e só esperava ele terminar, ele se regalar (esse sempre foi um dos meus prazeres). E ele uma hora tirou e se tocou até leitar com gosto o meu rosto. Os outros pagaram antecipado, pq eu pedi, mas esse veio todo amor, me pediu em namoro até (“ainda não, mal nos conhecemos”), me ligou 15 vezes até que eu o atendesse e encontrasse (queria aquela crente que ele viu no Itatinga outro dia [eu, de roupas comportadas], pediu meu número e as quengas passaram: mereço?) — cobrei 40, ele me deu uma onça pintada, a primeira que pintou em minhas mãos, e não se preocupe com troco.

Excitada com cada um dos três, não importava rosto nem coração. Dar prazer é minha sina moira amarga amara, dar mas também receber. Se sentir prazer com oq trabalha fosse critério pra escolher profissão, a minha já estava escolhida, pois nunca senti mais (quer dizer, na hora nem lembrei das outras), prazer em dar prazer. Essa sou eu, fazer oq?

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