AGORA VC GANHOU OS SEUS VINTE

Não dava pra saber aq vinha o rapaz, já com certeza entrado nos enta, pele castigada, aparência de gente vivida. Chegou mancando forte, uma perna nitidamente mais curta que a outra, eu a primeira travesti à vista, parou logo em mim. Blablablá infindável, elogios, ios, eu dava corda mas já com vontade de dar um basta: dinheiro parecia que não ia sair dali. Me chamou então pra uma cerveja, queria me conhecer melhor. O dinheiro da noite já feito antes disso, oq viesse era lucro, acabei aceitando msm sem vontade de beber, sei lá pq, só que deixei bem claro que eu não estava ali a namoro. Lá vamos nós pelo Itatinga, a travesti não-padrão de mãos dadas com o moço com deficiência, eu pensando noq seria mais evidente pra quem nos via, noq mais inaceitável aos olhos dos corpos modelo.

Ele compra a cerveja no bar da esquina, paga o preço absurdo da zona e faz questão de sentar na mesa mais exposta pra todo mundo nos ver. Eu, puta barata, aceito beijá-lo ali msm por uma cerveja, azamigas passando com cara de gongação, eu nem tchum. Cigarro, hálito de cerveja, ele todo aceleradão, tatuagens macabras pelo corpo, não tava valendo a pena, mas continuei. “Curte um tiro?” Eu eu? Caretíssima, curto nem pensar na ideia. “Legal, assim me seguro essa noite… ando abusando. Vc é humilde, gentil, me escuta, quero passar a noite com vc, uma noite firmeza”. Bom, não tente me convencer com menos de cem reais, querido. “Pago setenta!” Tá bom, mas onde? O motel ficava a uns 15min a pé e ia custar uns oitenta a mais.

Lá fomos nós, por volta das 20h, escuridão, frio, eu com medo de doce, de levar a pior, mas algo me parecia fazer crer que ele era confiável. Vinte minutos ladeira abaixo, movimento de carros intenso, buzinas, xingos, eu e ele manquitolando naquelas calçadas pedregosas não feitas pra pedestre andar, ele todo carinhoso tentando me aquecer com abraços desajeitados no caminho. Chegamos. Primeira coisa o banho, a esfregação, ume ensaboando o corpo de outre, gozoses, brincalhudes (desliguei o chuveiro pq gastação de água me tira do sério). De lá fomos pra cama, os corpos só meio enxugados, e começou a noite propriamente dita. Pedi, antes de mais nada, os meus setenta, ele veio com papo de só cinquenta, não sabe se vale isso tudo, eu peguei e disse que por aquele valor eu vazava em uma hora. No fim, ficou por isso mesmo, cinquenta, eu puta da vida.

Na cama, o gentil cavelheiro virou ogro. Suas mãos me machucavam, ele puxava meu cabelo, beliscões, tapas, eu não gostando nadinha e não adiantava reclamar. Meu edi já machucado do pg anterior, eu sofria por antecipação oq viria em seguida e, msm a neca dele sendo piquitita, isso não me tranquilizava (eu realmente tava machucada, mas precisava voltar pra casa com um mínimo de aqüé, né?). A excitação dele era tanta em me ver sentindo dor, em ver que a neca dele, msm pequena, me machucava, que ele acabou gozando rápido. Daí voltou a ser carinhoso, me abraçou, contou do acidente na perna, das tatuagens, polícia, prisão, histórias tensas, violência, drogas, sobrevivente do massacre do Carandiru (fiquei meio incrédula qdo ele disse e ele quase cresceu pra cima de mim, “ok, acreditei”), mas que dsd então tinha endireitado e agora só restava o probleminha com pó e álcool.

No meio da converseira ele volta a me agarrar, excitado de novo, eu dizendo que a cota dos cinquenta dele já tinha encerrado, aí fiz menção de pôr roupa, ele me segurou, disse pra eu ter calma, vamos curtir, com ele não tinha miséria. Veio já logo beijando, tateando meu corpo, fazendo oq queria, eu tentando oferecer resistência, me fazendo de boneca inflável, pra ele pouco importava. Ele puxou então minha cabeça até a neca pra eu fazer o oral, peguei a camisinha, ele quis encrespar, “vc nem ouse tentar me obrigar a correr risco”. Lá vou eu fazendo hora extra de graça, ele com evidente tesão, nem demorando pra gozar de novo, e aí me saiu com “agora sim vc ganhou seus outros vinte, tou saciado!” Mereço.

Daí em diante a noite foi tranquila, só conversa, carinho, vontade de se conhecer melhor, se escutar. Ele chamou um jantar pra nós (“comigo não tem miséria”), pediu conhaque fuleira, refri pra mim, fumou feito chaminé no quarto fechado, frio de rachar e nenhum cobertor naquela merda de motel (primeira vez que eu pisei no famoso Euro’s, que eu fantasio ser o melhor motel da cidade dsd a adolescência: uma bela merda, isso sim). Pra não congelar, tive que me agarrar ao ogro a noite toda, dormir assim, de conchinha, morrendo de vontade de correr dali o qto antes, pq eu teria um dia cheio dsd cedinho e não há sono possível nessas condições.

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